terça-feira, 25 de setembro de 2012

Reforma de 1996

História da segunda reforma da igreja Matriz


Por: Francisca Neves Leite  (Dona Chiquita)


A reforma teve  início em outubro de 1996, a pedido do pároco da época, Pe. Geraldo Junqueira.

Segundo dona Chiquita,  Pe Geraldo  Junqueira,  já de idade avançada, estava doente e queria reformar  a igreja, o povo  reclamava de pedaços de madeira se soltando devido aos cupins, o altar mor já não tinha mais toda a beleza do douramento, e a cúpula tão bela, era um risco aos fiéis que debaixo dela ficavam.




A paróquia tinha então um grande problema a resolver; como salvar o templo sem dinheiro e pessoas dedicadas a trabalhar para angariar dinheiro  sem receber nada em troca?
Foi então que Pe. Geraldo, sem ter mais a quem recorrer, e iluminado pelo Espírito Santo, no qual tinha total adoração, procurou por dona Chiquita, e fez a seguinte proposta desafiadora:
 Dona Chiquita iria tomar frente de todas as contas e tentar  arrumar dinheiro para reformar a igreja.



O senhor Toninho Rezende, exímio escultor, prestou seus valiosos serviços á paróquia nesta época. foto acima
Sem vacilar, e lembrando de todo o amor que possui pela matriz, ela aceitou o desafio.
Dona chiquita dá risada ao lembrar que o primeiro dinheirinho ganho foi uma nota de R$ 100 reais, e através dela foi feito um leilão americano, daí, já se pode comprar a madeira para fazer os andaimes.

 Todo o dinheiro foi arrecadado pelo povo da cidade, e houve tambem a rifa de um carro.

Quem não se lembra de dona Chiquita  sentada em frente a Caixa vendendo as rifas?! Também foram feitos carnês para arrecadar fundos para a reforma da igreja.
Mas as coisas se complicaram de verdade no final da reforma, as contas chegavam sem parar por debaixo da porta, e o risco de perder tudo o que possuía assolava dona Chiquita, que começou a procurar algumas pessoas, para vender alguns de seus pertences.

A primeira dama da cidade na época, a senhora Aurélia, foi procurada por dona Chiquita , foi oferecido a ela alguns pertences, mas ela recusou, e fez uma proposta à dona Chiquita.  Então, se teve a idéia de fazer um grande almoço, chamado de "O Baependiano Ausente", festa no qual os filhos de Baependi que moram ou trabalham fora se reúnem na sua terra natal uma vez ao ano... Foi um sucesso! o evento  rendeu o valor de 7.000 reais, que foi repassado totalmente para as causas da reforma.

*O IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais), veio fiscalizar o local onde iria colocar o ouro .  
*Os confessionários foram lixados, envernizados  e envenenados  com Penetrol, substância líquida para matar cupim.
A reforma da igreja terminou com pároco pe. Afonso Henrique Alves da Silva, que chegou em Baependi no ano de 1998, devido a saúde já fragilizada de Pe. Geraldo.
Na década de 80, a pintura externa da igreja, era de cor azul, mas, dona Chiquita achava que a antiga cor da igreja não combinava com as madeiras, era uma cor que descorava muito rápido devido as chuvas.

O medalhão da Maternidade, que se localiza na parte interna da igreja, precisamente no teto do altar mor, foi levado á São João Del Rey, para restauração.





Com o altar-mor já todo restaurado e dourado, um outro problema apareceu; os turistas que passavam pela bela igreja, não se continham em olhar todo aquele ouro, e chegavam a tocar, e as vezes, até a arrancar com as unhas o ouro já colocado. Dona Chiquita  pediu ao pe. Afonso para que deixa - se trancada a cancela da cúpula, a porta da sacristia e a porta da capela do Santíssimo, para que os turistas não retirassem o pouco ouro que restava.
Quando ficou pronta a reforma, houve uma missa solene com a presença do bispo dom Diamantino Prata de Carvalho.
Dona Chiquita teve uma grande participação na reforma da Igreja Matriz Nossa Senhora do Montserrat.
Em certa ocasião, um ladrão entrou na casa paroquial, rendeu o pároco da época, e levou todos os pertences pessoais que ficavam em um cofre, mas os pertences da igreja que estavam na parte de baixo do mesmo armário, por desatenção,  não foram levados. Dona Chiquita tem certeza de que foi a intercessão de nossa Senhora, que protegeu os objetos sagrados.


Após o acontecido, a pedido do próprio Pe. Geraldo, as coisas de valor da igreja ficaram guardadas  na casa de dona Chiquita por 9 anos,  inclusive a imagem histórica de nossa senhora do Montserrat  e Nossa Senhora do Rosário, após esse tempo,  entregou tudo para Pe. Afonso.




A reforma interna, terminou em  2002, Pe. Geraldo, infelizmente não ficou para ver o maravilhoso templo concluído, em seu enterro, o caixão funeral foi colocado em frente a porta principal do templo, muitos ali choraram de emoção, o sino Jerônimo tocou ali, suas ultimas badaladas para o ex-pároco batalhador. Mas lá do céu, com certeza está muito feliz por todos nós, e pelo empenho de seus filhos, que cuidam com muito amor e carinho, da casa de Deus.
A  pintura externa foi feita pelo pároco Pe. Jose Roberto de Souza.

Dona Chiquita,tem muita vontade de ir à igreja para assistir a uma missa, e assim que sua saúde melhorar, o primeiro lugar que ela irá, é na igreja matriz ver sua "santinha".
Dona Chiquita tem 96 anos e fará 97 em  21 de outubro de 2012.


Pablo, Markinho e Mariana.


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