terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Semana Santa em Baepandi (A procissão do Encontro)


Da igreja da conceição ou em outros tempos, da matriz, sai para o lado baixo da cidade, a imagem de Nossa Senhora das Dores, precedida de alas, irmandades, luzes, anjos, virgens, muitas virgens, pondo, com seus brancos véus, uma encantadora nota, àquele conjunto.



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Por outro lado, da igreja do Rosário, situada na parte média da cidade, segue, também, em procissão, a imagem de Nosso Senhor Dos Passos, lá depositada.
Em velhos tempos, o depósito dos passos era feito na capela de Nossa Senhora Das Dores, já desaparecida, como consta, em outro lugar.
A igreja do Rosário, acima dita, representa o primeiro passo da via dolorosa. Ai, o velho motete, de Jerônimo, enche o enlutado ambiente com suas notas instrumentais caracteristicas, angustiosas, e seu coro, de acentos doridos:

"Pater mi, si possibile est, transeat a me calix iste."
( Meu Pai, se for possível, deixe este cálice de mim)

E, após o sermão do pretório, movimenta-se a procissão.
Pelo suave declive da praça quadrilonga, esconden-se, em alas, irmandades, com suas diferentes opas, distintivos; ao centro, erguem-se cruzes e estandartes. Vai, à frente, comprido e largo pendão, de cor arroxeada, equilibrado contra os ventos, por quatro fortes cordões, ligados, ao alto, nas pontas de uma travessa; tem o dito pendão quatro grandes letras - S.P.Q.R., ao centro.
Surge, depois, a porta do templo, o andor, com suas guarnições de seda e flavos galões; deixa o mesmo ver, aos cantos, ramilhetes de flores roxas, artificiais.
A imagem de Passos, notável pela belesa de suas linhas, ganha maior expressão ao descer a praça, lentamente, o joelho curvo, sob o peso do longo madeiro.
Aquela hora da tarde, o sol, na meia luz de seu ocaso, envolve, ainda, em seus derradeiros fulgores, a imponente imagem, pondo, nos galões e bordados áureos de sua rica túnica de veludo roxo, pálidos faiscamentos.
Faz-se uma breve parada, em frente à capelinha, para cuja porta a imagem está voltada.
O canto do motete é expressivo, agoniado:
"Et bajulan sibi crucem, exivit in eum, qui dicitur Calvariae locum."
( E Ele, tendo a sua própria cruz, saiu para Ele, que é chamado o lugar da caveira)

A procissão continua seu itinerário.
Uma antiga marcha fúnebre corta os ares silenciosos, em notas que soluçam, em sons que entram, gementes, pelos corações sensíveis.
Os sinos plangem, de quando em quando.
No terceiro passo, onde se vê um painel antigo nova parada se faz.
Aí se canta, no motete:
"Exeamus ergo ad Deum extra castra. Improperium ejus portantes."
(Saiamos, pois, a Deus fora do acampamento. Levando o seu opróbrio)

A capelinha seguinte, que se demanda, é a do Encontro. Para atingi-la, caminha o préstito, solenemente, para o lado baixo da cidade. Aí, esta uma praça triangular, com edificios de arquitetura antiga, dentre os quais avulta o da familia Viotti, mostrando, na parte superior, suas doze janelas,iluminadas, cheias, algumas, de espectadores, voltados para o cenário magnifico, ao ensejo da empolgante solenidade que ali se realiza.
Dentro da capelinha, encontram-se um painel e uma pequena imagem de Nosso Senhor Dos Passos, que parece ser bem antiga, "pai de Nosso Senhor Dos Passos grande", ouvimos, em criança.
Soa, triste, o motete:



"O vos omnes, qui transitis per viam, attendite, et videte, si est dolor, sicut dolor meus."
( Ó vós todos que passais pelo caminho, participar, e ver se há dor como a minha dor)

E dado momento, a imagem das Dores, vinda de outras ruas, aproxima-se da dos Passos; o sermão que adquiri maior vigor, tocando ao patético.
Ultimada a pregação, ouvi-se, de joelhos, o Miserere, soturno, profundo.
As alas movem-se, depois, aumentadas pelos que acompanharam Nossa Senhora das Dores. A imagem desta seque a de Cristo.
Mais adiante, está o quinto Passo. Vê-se, dentro, característico painel, vetusto, conservado.
Canta-se o motete:
" Et angariaverunt Simonem Cyrenaeum, venientem de villa, ut tolleret Crucem ejus."
( Eles forçaram Simão de Cirene, que vinha do campo, a fim a tomar a sua cruz)

Continua o préstito; entra em outra rua, percorre-a, ganha a praça Mons. Marcos. Nesta, fica o sexto Passo, novo, diante do qual a imagem faz outra parada.
Entoa-se o motete, sugestivo, lacrimoso:
" Filiae Jerusalém, nolite flere, super me, sed super vos, ipsas flete, et super filios vestros."
(Filhas de jerusalém, não choreis por mim, mas em cima de você, chorar, e para os seus filhos)

Dos sinos, rolam sons magoados para o espaço; o Jerônimo, o velho Jerônimo, de timbre masculo e inconfundível muda sua garganta de bronze, em garganta de ouro, e chora, chora, rolando, pelas suas bordas espessas, o pesado badalo.
Uma derradeira marcha fúnebre, doce, ouve-se, em despedida; na Matriz, voltadas as costas para a entrada, penetram as imagens.
E, lá, figurado o sétimo Passo, o último.
Eis o motete:
" Popule meus, quid feci tibi? Aut in quo contristavite? Responde mihi."
(Ó meu povo, o que eu fiz para ti? Ou onde o ofendido você? Responda - me!)


Prega-se o sermão do calvário. Aparece, em fundo negro e estrelado, a imagem de Cristo na cruz, tendo, aos pés, a Virgem, outras mulheres santas, S. João.
Ajoelha-se o povo.
Ouve-se a s notas solenes, cavas, do Miserere.



segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Imagem do Senhor morto e de Nossa Senhora das Dores Baependi

Semana Santa em Baependi


Foto Senhor Morto Baependi. Igreja nossa Senhora    
do Montserrat.

Imagem de Nossa Senhora Das Dores,doada pela familia Viotti em 1862.