sábado, 3 de março de 2012

Procissão de Quarta feira Santa

Como já falamos da procissão do Encontro na Terça feira Santa, agora vamos falar também da belíssima procissão que acontece no dia seguinte, Quarta feira Santa.
Esta procissão relembra as dores de Maria Santíssima, que depois de encontrar seu Filho carregando a cruz, agora chora sozinha. Esta procissão sai do santuario de Nhá Chica e faz o caminho contrário da realizada no dia anterior.

Nossa Senhora das Dores visita todos os passos, que seu filho visitou um dia antes na Terça feira Santa.

Vamos ver agora como se realiza essa procissão:
*Trecho do livro TEMPLOS E CRENTES.
" Quarta feira, realiza - se a também notável procissão de Dores, pelas ruas da velha cidade.
Já os passos são nossos conhecidos; a Virgem sai, para os percorrer. Via dolorosa!
Seu andor, com guarnições de seda roxa, agaloaduras e bordados de aureos fios, ornado de palmas, tem inscrições latinas, em cada uma de suas faces.
A imagem de Nossa Senhora das Dores, que aparece nas procissões, é de uma estranha beleza, e a mesma já nos referimos, quando tratamos da Matriz. Veste - se de rico hábito de seda branca esmaecida, bordado a ouro. Sob o resplendor, onde se engastam pedras roxas, cai - lhe, da cabeça, sem ocultar as negras e lindas madeixas que mais lhe aformoseiam o rosto, um longo manto de seda azul, agaloado, as extremidades, e coberto de recamos de ouro.
Os motetes que se ouvem neste dia não são mais os de Jerônimo, porém os de Moura.
Canta - se, no primeiro passo:

"Cui coparabo te? Vel cui assimilabo te, filia jerusalem?"
( Para quem você se compara? Ou, o que havemos de comparar - te, ó filha de Jerusalem?)
A procissão desce a encosta da igreja da Conceição, onde, na vespera, foi depositada a imagem das Dores. Luzes tremulam. Fere os ares da tarde, que agoniza, um quarteto, entoando "Stabat Mater". Na esplanada, saudosa marcha acompanha o préstito. Detem - se o mesmo, no segundo passo, onde se ouve:

" Facta est quasi vidua domina gentium".

( Ela é como uma viúva!)


A noite chega; suas sombras envolvem o cortejo. Ao longe, acima dos veus brancos das virgens, paira a imagem das Dores, balançando levemente, ao ritmo dos carregadores, a primorosa capa cerúlea, matizado de ouro.
No terceiro passo, que se defronta, soa o canto:


" O vos omnes, qui transitis per viam, attendite, et videte, si est dolor, sicut dolor meus."

( Ó vós todos que passais pelo caminho, participar, e ver se há dor como a minha dor)
Os sinos, durante o trajeto, espalham lamentos pelo espaço.
As marchas são pungentes; aceram, dentro d'alma, acúleos de saudades.
No quarto Passo, local do Encontro no dia antecedente, outra parada. Este motete:

"Plorans ploravit in nocte, et lacrymae ejus in maxillis ejus."

( Chorando, ela tem chorado durante a noite, e as lágrimas estão em suas bochechas)

Mais estações, além, estão; o percurso é longo. O povo, entretanto, se mantém a pé firme.
O coro reveza seus doridos cantos com as marchas lentas, sentimentais.
Chega - se ao quinto Passo. Neste, o motete clama:


"O quam tristis et afflicta, fuit illa benedicta."
( Oh, quão triste e muito angustiado, era que abençoado)
No sexto Passo, canta - se:


"Quis est homo qui non fleret, Christi Mater si videret."
( Quem é o homem que não irá chorar se ele viu a Mãe de Cristo)
Não está longe a Matriz - sétimo Passo. Para lá se dirige a procissão. Os sinos dobram... dobram... No espaço morrem as derradeiras notas de sentida marcha.
Imagem, irmandades, pálio, assistentes, recolhem - se aquele templo, abundante e caprichosamente iluminado. Pelos seus ângulos, pelas suas arcadas e cúpula, de aprimorados entalhes, ressoa, majestoso e dolente, o cântico do ultimo motete:


"Stabat Mater dolorosa, juxta crucem lacrimosa."
( A Mãe ficou de luto, de acordo com o choro cruz)
Seguem - se, ali, outras cerimônias.
Dias memoraveis para a fé, esses, de terça e quarta feira, da Semana Santa!
Diante dos Passos, como dentro de outros templos, desfilam crentes, reunidos pela mesma fé, que dos berços aos túmulos, os conduz e os conforta.
Velhas igrejas, admiráveis santuários! Velha fé, admiráveis crentes!
Templos!... Crentes!..."

2 comentários:

  1. BOM DIA,MARQUINHOS!! GOSTEI E MUITO DESTAS INFORMAÇÕES, SOBRE - Procissão de Quarta feira Santa...ESTOU PROCURANDO ESTE LIVRO QUE VOCÊ CITA: TEMPLOS E CRENTES. VOCÊ SABE COMO E ONDE POSSO ENCONTRÁ-LO???

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Este livro é de 1945, e só algumas pessoas possuem esta raridade, o jeito mais fácil de vc conseguir é tirando cópia!
      Se vc for de Baependi, é mais facil!

      Excluir